quarta-feira, 23 de outubro de 2013

OBESIDADE E PROTEÍNAS DESACOPLADORAS (UCPs)


A existência da proteína desacopladora (UCP – uncoupling protein) é conhecida desde 1982, identificada no tecido adiposo marrom de roedores. Esse tecido é altamente vascularizado e rico em mitocôndrias, apresentando uma função de gerador de calor. Em roedores é estimulada em duas situações que ativam o sistema nervoso simpático: quando são expostos a baixas temperaturas (para manter a temperatura corporal) e quando consomem uma quantidade calórica acima das necessidades (gasta energia em excesso para manter o balanço energético).

Em 1997, duas novas formas foram identificadas, UCP2 (encontrada em diversos tecidos, incluindo tecido adiposo branco) e UCP3 (encontrada apenas nos músculos esqueléticos). Acredita-se que esta distribuição ampla da UCP2 ocorra devido ter um papel muito importante na determinação da taxa metabólica basal.

A desregulação da função das UCPs pode significar um fator de risco no desenvolvimento da obesidade e outras desordens alimentares. Por outro lado, a possibilidade de manipular essas proteínas e, consequentemente, a termogênese, pode representar uma alternativa de tratamento dessa doença que atinge quase metade da população de países desenvolvidos e em desenvolvimento, com o Brasil.

Em 1998, cientistas encontraram menor expressão da UCP2 no tecido adiposo de sujeitos com obesidade mórbida em relação a sujeitos-controle de peso corporal normal. Resultados apontam que obeso têm a expressão genética da UCP2 diminuída em 28% na musculatura abdominal em comparação a sujeitos magros. A UCP3 não se mostrou significativamente diminuída, apesar de haver grande variação entre os indivíduos. Segundo os autores, essa diminuição da UCP2, que é expressa em vários tecidos, pode contribuir para o desenvolvimento e manutenção da obesidade.

As UCPs podem ser estimuladas principalmente por catecolaminas e hormônios da tireóide, mas outros hormônios, tais com insulina, glicocorticóides, ácido retinóico e IGF-1 (insulin-like growth factor-1) também podem modular sua expressão genética.

Outro fator que pode modificar de forma consistente a expressão e atividade das UCPs é o treinamento físico, pois a maior demanda energética leva a alterações que evitam a dissipação de energia e torna mais eficiente a produção de ATP.

A leptina é uma proteína descoberta recentemente que parece estar relacionada ao controle de peso corporal, pois é secretada pelo próprio tecido adiposo em proporção direta à quantidade do mesmo. A administração de leptina aumenta a expressão da UCP2 e UCP3 nos tecidos adiposos branco e marrom.

Os ácidos graxos tem efeito estimulatório na expressão gênica das UCPs, animais submetidos a jejum prolongado têm demonstrado um aumento da expressão de UCP2 e UCP3 em músculos esqueléticos. Estando esse efeito relacionado à maior concentração plasmática de ácidos graxos e sua utilização no metabolismo energético.

O melhor entendimento da regulação dessa proteínas trará uma melhor compreensão das causas de obesidade, abrindo novas formas de tratamento por meio da simples manipulação da taxa metabólica basal.


A MEDICINA DO EXERCÍCIO LEMBRA:
Atividade Física é vida; aproveite a sua, pratique esportes.

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